sábado, 2 de abril de 2011

Breve histórico da Língua Brasileira de Sinais


Ano após ano, os surdos têm conquistado seu espaço. Na última década, sua luta colheu frutos vitoriosos na legislação, mas ainda falta muito para que este sonho se torne realidade

É crescente o número de leis que buscam oportunizar a educação de pessoas com necessidades especiais. No entanto, essas mesmas leis que buscam levar a igualdade de ensino para uns, pode modificar profundamente a vida daqueles que, desde sempre, são os detentores das ofertas educacionais deste país.
Para que este quadro possa modificar-se, a luta dos portadores de necessidades especiais tem sido gigantesca e, nos últimos anos, já se observa os frutos dessa batalha. Grandes guerreiros dentre estes têm sido as pessoas surdas que, por suas limitações, sofrem com as poucas oportunidades de estudo e de trabalho.
A utilização das LIBRAS, por sua vez, facilita o acesso dessas pessoas aos ambientes que antes eram restritos apenas aos ouvintes. Desde os primórdios, a utilização da língua de sinais foi motivo de polêmicas. Algumas pessoas criticavam seu uso argumentando que aquela prática seria prejudicial ao surdo e que este deveria mesmo ser oralizado para que pudesse ser inserido na comunidade geral. Dessa forma, a ideia predominante era a de que a minoria surda deveria adaptar seus costumes aos costumes da maioria ouvinte.
Porém, algumas pessoas não concordavam com esta ideia, a exemplo de Abade Charles Michel de L’Epée, que na França do séc. XVIII, foi um reconhecido educador de surdos que obteve imenso sucesso utilizando a língua de sinais como a única forma de comunicação entre surdos.
Para tanto, L’Epée criou os “Sinais Metódicos”, uma combinação da língua de sinais com a gramática sinalizada francesa. Suas idéias, mesmo muito criticadas, ganharam forças e, anos depois, seus sinais fundamentaram a criação da Língua Brasileira de Sinais.
Quem trouxe esses fundamentos da França para o Brasil foi o professor francês Hernest Heut. Sua presença e seu trabalho no Brasil acelerou a utilização da língua de sinais nas escolas e, em 1857, foi fundado o Instituto Nacional dos Surdos, no Rio de Janeiro.
Porém, em 1957, foi oficialmente proibida a língua de sinais em sala de aula e seu uso só retornaria com mais força na década de 1980 com o bilinguismo.
Atualmente, algumas leis regulamentam a utilização da Língua Brasileira de Sinais (LIBRAS). A começar pelo ano 2000, a partir da homologação da Lei de Acessibilidade, tornaram-se mais frequentes os cursos de capacitação em língua de sinais.
Outra forma legal a favor das LIBRAS concretizou-se em 2005, com a regulamentação do Decreto nº 5.626, que dispôs sobre a inclusão das LIBRAS como disciplina curricular dos cursos de formação de professores. Esse meio legal foi e está sendo muito importante porque tem possibilitado, de fato, o acesso da pessoa surda à educação.
Já em 2008, foi regulamentado, através do Decreto nº 6.571, o atendimento educacional especializado que objetiva prover condições de acesso ao ensino regular das pessoas portadoras de necessidades especiais. A acessibilidade, a possibilidade de estudo em ensino regular deverá ser uma realidade em todas as instituições de ensino do Brasil. Agora, a maioria irá se adaptar à minoria. Resta aos profissionais da educação o preparo, a dedicação aos novos princípios educacionais.

Fonte:
GOLDFELD, Márcia. Breve relato sobre a educação de surdos. In: A criança surda: linguagem e cognição numa perspectiva sócio-interacionista. São Paulo: Plexus, 2001.

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